O ticket da TAP indicava saída de São Paulo às 17:00hs, com chegada em Milão às 11:00hs da manhã, horário local, com conexão em Lisboa. O destino final, Siena, ainda estava a 4 horas de carro de Milão. Desde a saída até a chegada, o universo parece ter conspirado a meu favor: apagão aéreo no Brasil, perdemos a conexão em Lisboa; apagão aéreo em Portugal, cancelamento da próxima conexão; horas ociosas no aeroporto, passeio pela cidade lusitana!
Lisboa é uma cidade linda, me senti como se estivesse visitando a casa dos meus ancestrais. O taxista acolhedor e muito entusiasmado nos levou a conhecer a primeira maravilha de Portugal: o pastel de Belém! Depois o Monasteiro dos Jerônimos, Convento do Carmo, Castelo de São Jorge, a Baixa Pombalina, e finalmente o Aeroporto da Portela. Lá estávamos mais uma vez à espera da conexão.
A caminho da confusão (foi nesta hora que soubemos do cancelamento), em meio a desavenças e contrariações, num cenário de muita animosidade e muito pouca amistosidade, eu avistei, como uma imagem que se congela no pensamento, a segunda maravilha de Portugal: Rita, uma executiva surfista lisboeta que gosta de jazz! Estava a caminho de Capri, conexão Milão. A interminável espera na fila das não resoluções dos nossos problemas nos trouxe ao ‘Oi’! Pois, cá estava eu, a falar com uma alfacinha de pele dourada de sol, a me recordar um sotaque familiar, e a olhar além do fronte. Nestas horas, os problemas são os que mais desejamos, mas estes também tem a sua hora. Conexão acertada, destino Siena. E assim fomos!
Contudo, o universo me proporcionou saber sobre a existência de Ericeira, um lugar de luz, mar azul e ondas fortes, que acredito ser a terceira maravilha de Portugal. É neste paraíso que a lisboeta de pele dourada, andar despojado e cabelos rebeldes se faz luz aos olhos dos marujos que por lá navegam. E foi assim, no mar de Ericeira que não conheci, que Deus espelhou o céu.