Tuesday, October 23, 2007

A contemplar o ciclo


Os homens percebem a vida assim: uma linha reta que sai de não sei onde para não sei quando..... Não! A vida não é uma linha reta, mas cíclica. O tempo é cíclico, as estações são ciclos, o ciclo do dia e da noite, o nascer e o morrer, enfim, tudo se move assim, em ciclos, por isso está escrito: “Para tudo há uma estação”. Nós homens (digo os machos), não somos capazes de perceber a vida assim, o nosso ciclo é largo, dura uma vida inteira para completá-lo, por isso vemos tudo como uma linha reta que sai de não sei onde para não sei quando. E elas? Elas (digo as fêmeas) conhecem o ciclo da vida, do tempo, experenciam o ciclo do próprio corpo, elas são o próprio ciclo.

Obviamente não estou me referindo a um ser superior ou inferior, mas ao aspecto “ser mulher”, que não é mais perfeito ou melhor do que o “ser homem”. Os homens incorporam outros aspectos da divindade que as mulheres vêem com igual inveja, e ambos os aspectos são simplesmente e maravilhosamente isso: aspectos.

Contudo, devo assumir que ser homem é ser a minha própria provação, pois enquanto eu não sofrer o suficiente com a minha tolice, não infligir suficiente sofrimento com as bobagens que crio, não magoar os outros o suficiente para mudar os meus comportamentos, não substituir a agressão por razão, a compaixão por desprezo, o ‘ninguem-perder’ por ‘ganhar-sempre’, não poderei conhecer a vida em ciclo, não compreenderei jamais o ser mulher.

Mas Deus foi generoso e nos permitiu apreciar, desejar e amar esse outro ser, nos permitiu copular e compartilhar com a vida, a ser desejado e amado por ela(s). Por isso, sejam quantas vidas ou ciclos eu tiver, seja qual for a evolução que eu conquistar, peço a Deus que me faça sempre homem, para que eu possa viver a contemplar uma mulher.


7 Comments:

At 11:30 AM, Blogger كَارْلُوسْ - Ashraf said...

Este texto é tão VOCÊ.
E, apesar de não ser com o mesmo propósito, também peço a Deus a mesma coisa.
Risos.
Ótimo blog, como sempre.

 
At 6:23 PM, Anonymous Anonymous said...

Os ciclos....

� interessante vc definir os sexos no aspecto �macho� e �f�mea�...a mim remete ao "princ�pio"....ao "natural"...aoanimal....ao instinto....
Ta� o instinto. Penso que seja a partir dele que nas�a a m�gica de tudo....e que partindo dessa vis�o as "coisas da vida" se tornam mais instigantes... cautelosas...desafiantes....
E vc Marcelo, "macho" que se difere de tantos outros, com certeza est� desenhando seu ciclo aqui na terra dando a ele um colorido a mais. Suas interroga�es sejam elas quais forem, existenciais...sobre homem ou mulher....tudo isso � parte de um ciclo evolutivo....E isso � bacana demais! Pode at� pertubar e nos tirar o sono muitas vezes, mas s�o essas �pulguinhas�que se instalam nos nossos ouvidos que d�o a gra�a ....o tempero ao insosso....
Lidar com as descobertas, os imprevistos....o invis�vel... Tudo isso � de fato gratificante!
Sei l� para n�s �f�meas� a gra�a est� nesse garimpo constante do abstrato e em dire�o � alma.... Diria que em dire�o � m�sica dos sentidos!
Bom, pelo menos acreditar nisso � com certeza no m�nimo divertido!:-)

Parab�ns pelo seu blog!
Um beijo,
Sandra Melo.

 
At 12:16 PM, Blogger Mariana Sayad said...

Os seres machos e fêmeas têm a difícil missão de se conhecerem para juntos desenvolverem a grande virtude da tolerância... Quando falam desta palavra, normalmente, referem-se às guerras, mas ela também é necessária nos relacionamentos.

Quando estamos no ventre materno, nada temos que pedir, nem para comer, nem beber... Nada mesmo... A partir do momento que nascemos, temos que chorar para tudo: comer, beber e dormir. Até que vamos crescendo e aprendemos a amar e nunca mais deixamos de ser aprendizes deste sentimento que nos faz tão felizes. Por isso, acredito que não haja certo ou errado ou algum mistério que deva ser descoberto...

Como cada pessoa é diferente, graças a Deus, não existe um segredo que desvende todas, então, muitas vezes magoamos os outros por acharmos que já “desvendamos” os mistérios, nos esquecendo que cada pessoa tem o seu próprio universo. Isso não é uma crítica, pelo contrário, acredito que assim como devemos ter tolerância com os outros que nos relacionamos, também devemos ter tolerância com nós mesmo, afinal também somos aprendizes e cada pessoa que conhecemos é um mundo novo que precisamos explorar...

 
At 4:48 AM, Anonymous Anonymous said...

Ahhhhh mto bom!!!! como todos os textos ate aqui...
gostei mto dos 2 ultimos paragrafos..
boa semana pra vc!!
bjuuuu

 
At 12:02 PM, Blogger Suzana Bayona said...

Interessante o ponto de vista do lado masculino. Um tanto sedutor... ou é porque estou do outro lado, heheheheh.

Pois é... são dois aspectos da essência. E a grande brincadeira é a complementariedade. Já que escolhemos estar aqui, precisamos lidar constantemente com este "jogo". Acho que as mulheres, muitas de nós, precisamos também reaprender a viver nossos ciclos. Volta e meia a "máquina" nos leva a acreditar na tal da linha reta. Tá tudo muito masculino a nossa volta.

 
At 1:16 PM, Anonymous Anonymous said...

Olá Marcelo!
Sou Beatriz (Bia), amiga de Fernandinha.
Nos falamos esta semana por telefone e ela comentou sobre o seu blog, e, principalmente, sobre o texto sobre "homem x mulher".
Achei muito interessante as coloções sobre os diferentes aspectos da personalidade de ambos os sexos. Acho que somos realmente diferentes, sem que isso seja necessariamente ruim.
Também gostei da frase: "para tudo há uma estação". Acho que isso é uma grande verdade. Nossa vida emocional também é feita de estações.
Parabéns pelo blog!
Abraço
Bia

 
At 7:47 PM, Blogger Ingrid Lemos said...

Interessante o texto sobre os aspectos feminino e masculino, aspectos esses normalmente renegados e por isso causam dificuldades de relacionamento nos diferentes ciclos de nossas vidas.

Um macho (como você disse) que não sabe apreciar certos pontos absolutamente femininos, e aí podemos falar dos ciclos, provavelmente não sabe lidar com o seu lado feminino... E uma fêmea (rsrs)que pode ter problemas em se reconhecer masculina em determinadas situações também não encontrou o ponto. O equilíbrio, esse é o ponto (já refletia Jung sobre o Animus e a Anima).

ótimo texto. Boas reflexões. ótimo Blog. Parabéns!

 

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